terça-feira, 7 de outubro de 2014

Dia das Crianças de Gêmeos ou +

O dia das crianças é tão esperado quanto aniversário ou Natal, não é verdade? Para as crianças, claro! Mas e para as mamães e papais de gêmeos, tri ou quadri? Ou para quem além dos múltiplos, ainda tem mais filhos? É aquela loucura... Os presentes se multiplicam, e o espaço para guardar tudo diminui.

Tudo bem que casa de múltiplos parece um playground. Você acaba tendo que incorporar os brinquedos à decoração. Começando pelo quarto dos pequenos, depois passando à sala de TV, depois à varanda, quintal, sala de estar, cozinha.... enfim... os brinquedos tomam conta de tudo!

Sem falar que os parentes mais próximos adoram dar de presente os maiores brinquedos da loja. Quem nunca ganhou aquela cozinha super equipada, geladeira, bancada de ferramentas, barraca, piscina de bolinhas (nossa, isso faz um estrago... rsrs), balanços, pula-pulas? E bonecas gigantes? 

O meu cunhado adorava dar bonecas gigantes para a minha filha. A primeira era loira, a segunda morena. À noite tínhamos medo delas, de tão grandes, e deixávamos na sala de estar, que geralmente ficava fechada. Mas às vezes esquecíamos que elas estavam lá e quase morríamos de susto com aquelas "pessoinhas" em pé perto da porta!

Claro que ganhar presentes é tudo de bom, e não deve ser motivo de reclamação. Só que por ganharem tudo em dobro,  perto do dia das crianças, natal e aniversário, eu já fazia uma seleção do que não queriam mais, os quebrados, etc., e doava tudo o que estava em bom estado. Levava para uma senhora que encaminhava a creches e igrejas e ela sempre se espantava, perguntando se estávamos de mudança! kkkkkkk

Faço isso até hoje, com as roupas que ganham (adoooro, excelente dica de presente! rsrs), e como já estão com 13 anos, não ganham mais brinquedos, só jogos, bem raramente. Mas acho saudável esse ritual de doar o velho para entrar o novo. Faz bem para a gente, para os outros e ensina aos nossos filhos a ter somente o necessário, sem acumular.

E vocês, têm alguma história para compartilhar? Comentem aqui no blog!

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Bebês dormindo a noite toda

Uma das principais preocupações das mamães e papais de múltiplos é: QUANDO MEUS BEBÊS VÃO DORMIR A NOITE TODA? E como fazer para que isso aconteça?

Pois bem. Eu como mãe e tia de gêmeos tenho algumas dicas que funcionaram comigo e com a minhã irmã, e gostaria de compartilhar com vocês, para que possam realizar o sonho de dormir uma noite bem tranquila... rsrsrs

A idade em que os bebês dormem a noite toda varia muito, mas a partir do terceiro mês, se o bebê pesar mais do que 5 kg, já pode (e deve) dormir a noite toda. Alguns bebês de baixo peso não podem ficar muitas horas sem mamar, pois há risco de hipoglicemia, então, nesse caos, é sempre prudente seguir à risca as recomendações do pediatra.

Minha filha era bem mais miúda do que meu filho, mas aos 2 meses dormia 12 horas seguidas! Um sonho, não? Já meu filho era bem gordinho e acordava 2 ou 3 vezes de madrugada, então segui os conselhos do pediatra e deu certo, dormiu a noite toda com 3 ou 4 meses. Cada um é diferente do outro, mas eles reagem às interferências das pessoas, então, cabe aos pais organizar uma rotina, de modo que eles se acostumem e sintam-se seguros, confortáveis e tranquilos.

1 - Os filhos são como esponjas ou espelhos dos pais. Quanto mais tranquilos e calmos forem os pais, maiores as chances dos bebês serem também. Pais dorminhocos, filhos dorminhocos. Se os pais têm o costume de ver televisão até tarde, são agitados, aí fica difícil. O ideal é ir diminuindo o ritmo da casa perto do horário da última mamada, colocar música calma, em volume baixo, deixar pouca luz.

2 - Banho antes de dormir relaxa. Eu usava aquele shampoo "Johnson Baby Hora do Sono", dava a última mamada no peito + complemento (porque no final do dia o leite materno vai diminuindo e acaba não sendo suficiente), no quarto escurinho, ajuda muito.

3 - Última mamada reforçada. Se o bebê estiver bem alimentado, não vai sentir fome no meio da madrugada e consequentemente não terá motivo para acordar. Às vezes a gente acha que tem muito leite no peito, que o bebê mamou bem, mas se ele acorda, pode ser fome. Ao longo do dia nosso leite diminui, e nos primeiros 20 minutos da mamada, sai mais água do que a gordura, em si, que é o que alimenta. Então eu passei a dar o peito + complemento nessa última mamada, e minha filha passou a dormir a noite toda.

4 - Se o bebê acordar no meio da noite e quiser mamar, no início ofereça o leite, mas em menor quantidade. Depois vá diminuindo cada vez mais a quantidade, e se o bebê ainda acordar, substituia por um chá (sem açucar), ou água, em quantidades também cadas vez menores. Se ainda assim o bebê acordar, não é mais por fome, e sim pelo horário. Então, espere e não pegue no colo. Se ele chorar, não vai ser por muito tempo, e se for, SEJA FORTE e resista à tentação de pegá-lo no colo. Fazedo isso, na noite seguinte ele vai chorar menos, até não acordar mais e dormir a noite toda. ACREDITE, você não está sendo uma pessoa ruim, está ENSINANDO SEU FILHO que aquele horário é para dormir e mais nada. Funcionou comigo e com minha irmã e meus filhos são saudáveis, amorosos, educados e sempre dormiram muito bem.

5 - Nada de ninar no colo, lugar de bebê dormir é no berço. Tudo nessa vida é questão de hábito. Se o bebê só dorme sendo balançado, é óbvio que vai achar muito estranho quando você colocá-lo paradinho num colchão, esperando que ele durma na hora, e vai chorar! Quem tem 2 ou + bebês nunca tem colo suficiente, portanto, pense bem, depois é difícil reverter esse hábito, e as mães também precisam (e como) dormir.

6 - Luzes apagadas ou só uma luzinha de noite. E de dia, deixe as janelas abertas para a claridade entrar. Assim o bebê começa a diferenciar o dia da noite. Mesmo que ainda durmam de manhã e/ou de tarde, o que é ótimo. 

7 - Roupinhas de acordo com a temperatura. Cuidado para não exagerar nas roupas, senão eles suam e sentem-se desconfortáveis. O inverso também, se estiverem com frio vão chorar. O que vale para os adultos vale para os bebês.

8 - Fraldas noturnas para evitar vazamento. Roupinhas molhadas causam irritação e frio e à noite o ideal é não agitar os pequenos com trocas de fraldas que podem ser evitadas.

9 - Posição que o bebê fica mais confortável. Nos primeiros dias em casa, minha filha chorava logo que era colocada no berço. No início achei que era cólica, mas não era. O pediatra recomendou que dormissem sempre de lado, com aquele "triângulo" para não rolarem. Lembrei que mesmo minúscula, na encubadeira, as enfermeiras a posicionavam de barriga para baixo, e ela ficava toda encolhida, dormindo feliz da vida. Experimentei colocá-la assim no berço e no mesmo instante parou de chorar e dormiu profundamente! Ela já virava a cabeça, e o pediatra falou que não tinha problema. Já meu filho empurrava o tal triângulo e dormia todo esparramado de barriga para cima! kkkkkkk Mas eu sempre entrava no quarto para checar e deixava a babá eletrônica ligada. De barriga para cima eles podem sufocar com vômito.

10 - Bebês devem dormir bastante até completar 2 anos. Se dormem à tarde, ótimo! Até os 9 meses, minha menina só acordava para mamar, depois chorava que queria dormir. De manhã, de tarde e de noite. Já meu filho era mais agitado, mas mesmo assim pedia para dormir todas as tardes (umas 3 horas seguidas), e isso nunca prejudicou o sono da noite, pelo contrário! Os pediatras dizem que o bebê precisa dormir para crescer e ganhar peso, e realmente posso comprovar isso! Bebê que dorme bem está feliz, bem alimentado, sequinho, saudável e adaptado. 


Boa sorte!!! 


sexta-feira, 30 de maio de 2014

Mães e tias de gêmeos

Na minha família não há casos de gêmeos que eu saiba, e eu fiz tratamento para engravidar. No caso da FIV, fertilização in vitro, são colocados embriões com 3 dias, e as chances de engravidar de gêmeos ou mais são grandes. Eu fiquei realizada quando soube que teria um casal, e depois fechei a fábrica.

Eis que, 9 anos depois, minha única irmã, 6 anos mais nova do que eu, engravidou. DE GÊMEOS. Sem tratamento, naturalmente!!! Ficamos todos espantados, pois sempre fomos muito parecidas em tudo, inclusive fisicamente. Só pode ser coisa do destino. Nunca vou esquecer do momento em que ela me ligou saindo da sala do ultrassom chocada, contando que eram 2 bebês, pois eu guardara por todos esses anos berço, carrinho, bebê conforto, cadeirão, chiqueirinho, tudo. Mas apenas 1 de cada. E a primeira coisa que eu disse a ela foi algo assim: "Não acredito!!! Putz, eu dei o outro berço!!!" kkkkkkkkk Jamais imaginei que a história iria se repetir. 

Se ela ia ter gêmeos também, eu tinha certeza que seria um casal. E era. Outra comemoração e outra coincidência. Meus pais só sabem o que é ser avós de gêmeos. Aquela loucura inicial, montes de mamadeiras para lavar, cesto de fraldas sujas sempre cheio, e a organização impecável para conseguir dar conta de tudo. 

Mas nossa história é especial por que somos duas irmãs que parecem gêmeas, mas não são. Mas que tiveram ambas um casal de gêmeos, só que uma com e outra sem tratamento. Era pra ser assim. Temos muita história pra contar e experiência pra trocar. E amamos muito tudo isso!!!

Eu, minha irmã, meus gêmeos e os gêmeos dela (foto de 2011)

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Da Endometriose aos Gêmeos

Vou começar este Blog contando como tudo começou. Casei cedo, aos 22 anos, e logo parei de tomar a pílula para tentar engravidar. Um ano se passou e nada aconteceu. Mas não me preocupei, até que comecei a ter cólicas menstruais cada vez mais fortes. A menstruação durava de 7 a 9 dias, com fluxo intenso, e com o tempo passei a ter dor e sangramento também na ovulação. Ou seja, vivia com dor e sangramento... 

Meu ginecologista não chegava à nenhuma conclusão e receitava remédios variados, que não resolviam. Após 4 anos tentando engravidar sem sucesso, ele receitou um remédio à base de hormônio masculino, que me deixou muito estranha. Minha voz engrossou, fiquei ainda mais magra, meio musculosa (essa parte foi boa... rsrs), mas quando parei o remédio,  os sintomas voltaram com tudo. Foi então que admiti que precisava de um especialista em infertilidade.

Eu me sentia péssima, derrotada. Na minha cabeça, procurar um especialista era admitir que não podia ter filhos, a última chance, o fundo do poço. Não via esperança. Mas tudo começou a mudar... O meu novo médico, muito bem indicado, ouviu os meus sintomas, olhou alguns ultrassons, me olhou nos olhos e disse: "Eu sei o que você tem. Só vou pedir mais alguns exames para confirmar e ter tudo documentado para que o plano de saúde reembolse o que for possível. Mas você tem ENDOMETRIOSE. Tem tratamento, muitas pacientes minhas têm essa doença. Se iniciarmos agora o tratamento, em 5 meses você engravida."

Fiz os exames, entre eles um horroroso chamado "histerossalpingografia", que basicamente consiste em aplicar um contraste injetável através do orifício do colo do útero e radiografar o caminho que o contraste faz, para saber se as trompas estão permeáveis, ou seja, conduzindo os espermatozóides até os ovários para que haja a fecundação. Na época, era um exame extramamente dolorido, mas hoje em dia há novas técnicas que tornam este exame praticamente indolor.

Com os exames em mãos e a confirmação da endometriose, que era bem severa e causava endometriomas (cistos de sangue) nos ovários e algumas aderências e apenas uma trompa funcionando perfeitamente, fiz a primeira inseminação artificial. A inseminação consiste em introduzir os espermatozóides previamente coletados e preparados em laboratório, diretamente no colo do útero, através de uma seringa com uma cânula na ponta. Não dói. Só é preciso saber antes o dia exato da ovulação, através de sucessivas consultas com ultrassom transvaginal. Depois é esperar que os espermatozóides cheguem ao seu destino e torcer para que algum fecunde o óvulo. A primeira inseminação não de certo. Chorei muito. Parti para a segunda. E para a terceira. 

Na época passava na Globo a novela Terra Nostra, e todo mundo engravidava. Até as avós... Alguém lembra disso? E eu chorava. Só via mendiga grávida na rua, todas as mulheres do mundo engravidavam, menos eu. Foi uma fase péssima. Eu fui numa psicóloga e sabem o que ela me disse? Que eu precisava aceitar o fato de que NÃO PODIA TER FILHOS!!! Chorei igual uma louca e nunca mais voltei lá. Se havia esperança, ela queria que eu desistisse? Não desisti. Meu médico falou que a melhor opção seria a FIV - Fertilização In Vitro. É um método bem mais caro, porém mais eficaz. A última opção. Eu e meu marido concordamos. Decidimos não contar mais os detalhes do tratamento para a família. Falamos que só iríamos contar quando eu estivesse grávida.

Na FIV, a mulher toma injeções de hormônios por vários dias seguidos, para estimular a ovulação de vários óvulos num mesmo ciclo. E quando chega perto do dia da ovulação, faz ultrassons transvaginais para acompanhar a "maturação" dos mesmos. No grande dia, fui para o hospital com meu marido. Ele colheu os espermatozóides (para o homem sempre sobra a parte boa! rsrsr) e eu fui preparada para a sedação. Minha barriga estava inchada e dolorida, pois tinha 13 óvulos ao todo, nos dois ovários. Não vi mais nada. O médico inseriu uma agulha através da parede da vagina até os ovários, e retirou um por um os 13 óvulos. Feito isso, eu fui para casa e os óvulos foram fecundados no laboratório. 3 dias depois sobraram 4 embriões com ótimas condições de implantação. Os outros não vingaram. Voltei para o hospital e os embriões foram introduzidos através do colo do útero por uma cânula, num procedimento rápido e sem dor. Fiquei umas duas horas em repouso no hospital, depois, voltei para casa. E esperei. Esperei. E na data marcada, fiz o teste de gravidez. Foram as horas mais longas da minha vida. Mas a espera valeu a pena, deu POSITIVO!!! Na primeira FIV! 5 meses após a primeira consulta, como o médico havia previsto!!!

A alegria foi imensa, mas eu ainda não acreditava, queria ter certeza de que estava tudo bem. Contamos apenas para nossos pais, irmãos, avós, e aos amigos muito íntimos. Dizem que o período de maior risco de aborto é nos primeiros 3 meses de gestação. Só respirei mais aliviada quando vi aquele feijãozinho no primeiro ultrassom. O coração pulsava rápido, a confirmação de que uma vida crescia dentro de mim. Chorei de alegria. De 4 embriões, apenas 1 havia ficado, e nós começamos a pensar no nome do bebê e no quartinho. 

Quado fui fazer o segundo ultrassom, meu médico olhou para a tela, fez uma cara de espanto e sorriu. Achei ter visto 2 bolinhas ao invés de uma, e quando perguntei se estava tudo bem, ele respondeu que sim, mas que não era um, mas sim DOIS BEBÊS!!! Eu e meu marido ficamos perplexos, sentimos uma alegria inexplicável! Para uma mulher que não podia ter filhos, ser mãe de 2 bebês de uma vez é a maior recompensa de todas! É a prova de que tudo é possível, de que não devemos desistir nunca dos nossos sonhos. De que cada um tem nós tem um propósito nessa vida. Talvez eu tenha tido que passar por tudo isso para dar muito valor aos meus filhos, para me sentir abençoada, escolhida. E é exatamente assim que me sinto. Quando soubemos que era um casal, a família entrou em êxtase. As peças do quebra cabeças se encaixaram. Após 5 anos, finalmente nos tornamos uma família completa!

Lucas e Luana, meus tesouros

As pessoas que não conhecem minha história sempre falam: "Você teve gêmeos? Um casal? Que sorte!". Eu concordo, mas por dentro, penso: "Só eu sei o que passei. Não existe sorte, existe destino, uma força maior que nos rege, que cada um dá um nome, mas que eu chamo de DEUS.